sexta-feira, 6 de maio de 2011

Tradução: do luxo à exigência. Do russo ao português

Amigos,  

       Esta semana, fui indagada, por e-mail, a questão da tradução. Apesar de não ser linguista, o que eu posso dizer para contribuir com a consolidação da perspectiva de que a tradução direta é sempre melhor, é recordar alguns traços teóricos que sirvam de paradigmas para quem se interessar em aprofundar o tema.
       Se, por exemplo, nos pautarmos pela teoria dos linguistas Vinay e Darbelnet, veremos que a mente do tradutor oscila entre a consciência e a subconsciência no passar de uma língua para a outra e esse movimento se divide em dois processos que, segundo eles, seriam chamados de tradução direta e oblíqua, ou seja, a tradução literal, via empréstimos, seria parte da tradução direta ao passo que a tradução obliqua abarcaria tudo aquilo que é transposto ou adaptado. O conceito de tradução direta para eles, entretanto, é o que conta com certas confluências lexicais entre uma língua e outra, fato que não se encaixa perfeitamente quando a língua em questão é o russo. Já o conceito da tradução oblíqua nos seria mais acessível, uma vez que aceita “deslocamentos de linguagem” (REIS. 2002,p.43) que permite que sejam concedidos braços maleáveis mantenedores da cultura da língua a ser traduzida.
      Outra vertente teórica versa pelos conceitos de Roman Jacobson que aposta no oficio de tradutor como bilinguismo. Jakobson é dono de três conceitos sobre tradução que não me cabe aqui comentar com propriedade, mas friso que o conceito que me causa mais curiosidade é o de tradução intersemiótica que abrange “a interpretação de signos verbais por meio de sistemas de signos não verbais” (REIS, 2002,p. 44). Nesse sentido, há um balancear entre as diferenças linguísticas que não ignoram as suas funções cognitivas formadores de qualquer língua.
      Para aqueles que se interessam pelo tema da tradução, principalmente pelos conceitos de Roman Jakobson, que por acaso era russo e foi um dos maiores linguistas do século XX, eu indico o artigo de Patrícia Reis, professora de tradução da UNORP, disponível no link: http://www.unorp.br/asp/..%5Crevista%5CletrasI%5C4.pdf. Para quem quiser ler sobre como esse tema é pertinente para os estudos russos, eu sugiro a reportagem da Folha de São Paulo: Novo chamariz, tradução direta deixa de ser luxo e vira exigência, de Alexandra Moraes e Ernane Neto com contribuições de Bruno Gomide (USP). 2008 Link: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u362961.shtml

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